quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

Notas autobiográficas sobre o Santo Rosário

   Desde que voltei pra Santa Igreja a récita do Santo Rosário (na verdade do santo terço: o rosário completo rezei uma dúzia de vezes) é parte integral de minha rotina de orações. Em 2016 consagrei-me à Nosso Senhor Jesus Cristo pelas mãos da Santíssima Virgem Maria pelo método de São Luis Maria Grignon de Montfort, e passei a ver o terço como uma obrigação de preceito a ser substituído pela coroinha de Nossa Senhora ou por alguma outra devoção mais rápida em dias de correria (outro nome pra falta de organização). Desde então eu deixei de rezar o terço apenas umas poucas vezes, onde o meu instinto que ladrava "tadinho de você, você precisa dormir" falou mais alto.



 Claro que é uma vitória quando você chega no fim do dia morrendo de sono e adia a gaudiosa perspectiva de deitar-se para recitar o terço entre lágrimas (de sono) e bocejos (é o caráter penitencial da oração, veja só que coisa esquisita), mas é também óbvio que esse não é um jeito lá muito digno de se tratar aquela que é a oração mais querida dos santos. Incomodado com o fato de que na maioria dos dias o terço tenha se tornado algo a mais a se ticar numa lista de "coisas a se fazer", acabei encontrando um curso do Padre Paulo Ricardo chamado "o Segredo do Rosário". Eu já tinha visto que esse curso existia, mas nunca havia dado bola pra ele. Assisti todas as aulas: o curso é um resumo de um livro de São Luis de Montfort chamado "O Segredo Admirável do Santo Rosário". Nesse livro, São Luis explica porque devemos rezar o Santo Rosário, como ele surgiu e como bem reza-lo, meditando os mistérios e/ou as próprias orações vocais e evitando as distrações.

 Um dos pontos no qual Padre Paulo toca é bem pertinente pra minha lamentável pessoa: uma das maiores fontes de distração na récita do Santo Rosário é a pressa de acabar logo pra tica-lo da lista. No fundo isso é meio óbvio, mas por vezes precisamos ouvir o óbvio pra criar vergonha na cara.

 Graças ao Padre Paulo, venho buscando fazer oração pessoal (entrai no seu quarto, no segredo, e reza ao teu Pai que está no céu), pois como alguém pode crescer na vida espiritual sem buscar amizade com o Senhor Todo-Poderoso por meio do Filho na ação do Espírito? A oração pessoal é, mais do que a penitência, mais do que as obras de caridade, o verdadeiro meio de santificação (embora essas outras coisas sejam acompanhamento ou consequência da oração e da recepção dos sacramentos). É buscar se tornar galho da videira para que, com a seiva que dela brota, possamos render fruto, pois apenas Cristo pode fazer sair algo bom de gente feito a gente. Essa minha oração pessoal era feita com base numa meditação da Liturgia diária. Primeiro eu lia, depois meditava botando por escrito num caderninho (isso é uma dica que li num livro chamado "A vida no ritmo da palavra" de Amadeo Cencini, livro que tem algumas coisas bem legais mas é no fundo meio esquisito) pra por fim, mais tarde, ruminar palavra por palavra da leitura tendo a Sagrada Escritura nas mãos diante do Sacrário (o Instituto de Física aqui da USP-São Carlos é muito próximo de uma paróquia). Até que funcionava mais ou menos, mas a Sagrada Escritura é por vezes meio árida e, ademais, fazer tudo isso gastava um tempo danado (ou seja, eu acabava cabulando a ultima parte, que era a oração pessoal propriamente dita...).
Claro que devemos dedicar quanto tempo for necessário pra Deus, mas me parecia que alguma coisa sempre acabaria saindo mal-feita. É aí que toda essa história de bem rezar o terço entra: o terço bem rezado é propriamente meditação e oração mental. São tantas verdades ali meditadas! São verdades simples mas profundíssimas, que tocam no cerne mesmo daquilo que é mais importante pra nossa fé. Pra um sujeito consagrado à Cristo pelas mãos da Santíssima Virgem (e com a agenda meio apertada) nada mais conveniente e adequado que unir a oração pessoal à essa tão nobre devoção.

 Pretendo ler o livrinho na integra pra deixar um resumão aqui. Espero que ajude o pessoal a bem rezar o terço.

 Fiquem com Deus e agradeço por terem suportado essa lenga-lenga até aqui!

6 de Abril - Segunda Feira Santa

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